quarta-feira, 30 de abril de 2008

Os seios de Matilda.

Situação inusitada. De ocorrência incomum e, portanto totalmente indispensável a sua divulgação. Não cobrem deste repórter detalhes esclarecedores porque há anos não cuido dos noticiários. Dedico-me a um jornalismo social, cuja importância repousa tão somente no fato e não em detalhes. Portanto não vou descrever o local, o tempo e nem mesmo o nome real das personagens. Basta dizer que Matilda é o centro da narrativa.

Afinal, nem mesmo ela poderá contestar a estória, pois está morta. Também não poderá esclarecer, detalhadamente, aos outros repórteres. Com isso, nivelamos todos, os detalhistas e eu. Por mais que mexam e remexam, não encontrarão nada melhor.

A narrativa começa, inclusive, depois da morte da protagonista e permanece sem solução. Bem, Matilda morreu. Era uma morena bonita com seios postiços. Melhor seria descrevê-los como implante de mamas de 350 mililitros, mas como sou antigo vou me referir como seios postiços. Era separada do marido e vivia amasiada com um segundo homem. Bem mais moço que ela.

A morte precoce impediu a morena de pagar pelo tal implante. Os seios postiços não eram dela. Estavam nela. Mas não lhe pertenciam. Foi o que a justiça determinou. Ganho de causa para o implantador de seios. Na sentença final apareceu uma forma deles permanecerem com ela – alguém pagar por eles. Caso contrário, eles seriam retirados antes do enterro. Afinal o corpo fora embalsamado até a finalização do processo, justamente por isso.

O impasse está criado. Para ficar com a falecida, um dos seus amados, passados ou presente terá de dispor de uma quantia substancial, só para saldar a dívida. O ex-marido já afirmou que se ele pagar vai querer os tais postiços. Não vai deixá-los no lugar. Aonde vai por nem sei. Do amante infantil nem manifestação. E mesmo não teria condições. Não tem onde cair morto. Resta agora alguma cadeia de televisão fazer uma grande campanha pelos seios da Matilda. Ou talvez uma corrente na internet. Vamos ver.

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu se fosse um dos tais, deixava o implantador ficar com os dito cujos - qual a serventia dos mesmos debaixo da terra? Muito melhor seria Matilda reviver em outra pessoa, pelas córneas, ou mesmo por outro órgão menos aparente do que se discutir o silicone.

Silicone atualmente só me interessa se for para assar cookies em cima!

roberto bezzerra disse...

sei lá porquê, mas só consigo imaginar a estrela-defunta da tua narrativa usando talco e sabonete "Alma de Flores" e anabelas com as unhas dos pés pintadas de um rosa-roxo cintilante...

e mesmo sendo jovem, usa chemisier estampado, de seda-javanesa, com ombreiras...afinal, ela era a gostosona dos anos '80!

Flávio Dantas disse...

maneiro seu blog
vamos nos linkar? :}

Fátima disse...

Amigo,

Para dizer a verdade, nem sei bem o que faria... grande decisão que alguém tomará ou não.
Gostei do texto, parabéns!

:-) um abraço

Otávio disse...

Muito bom o texto, imaginação a mil!

Me fez ficar pensando em uma coisa, depois de um tempo as próteses são encontradas junto com a ossada, deve ser muito extranho.