terça-feira, 11 de março de 2008

Lamento de inverno.


A camada fina de neve só atrapalhava. Não servia para nada. Nem para diversão. Ninguém conseguiria transformá-la em bonecos. Nem mesmo em bolas para guerra entre crianças. Só para vingança, sob a forma do desejo de que um desafeto escorregasse e quebrasse uma perna. Olhando através da janela quebrada, aquela sensação incômoda voltava. Estes pensamentos de ódio tomavam conta dela, de vez em quando. Nos últimos tempos, de vez em sempre. Apesar da falta de familiaridade, essa faceta vil do seu caráter não lhe era desagradável. Tinha quase um sabor de desforra. De todo aquele tempo em que fora a bondade em pessoa. E o que ganhara em troca? Nem era bom lembrar. Sem querer se pegava desejando as maiores infelicidades. Para todos os conhecidos e desconhecidos. Seria um para-efeito da quimioterapia?

5 comentários:

roberto bezzerra disse...

Esta personagem aqui descrita, deve ser bem interessante como pessoa, deve ter muitas histórias e estórias para contar. Gostaria de tomar um chocolate quente com ela e saber como tudo começou.
[linda a ilustração, heim...]

Anônimo disse...

Ela nunca se deveria arrepender de ser bondosa, nem tão pouco deixar de o ser pelo sofrimento vivido.
O que seria da vida sem chuva, vento neve, e se so tivessemos sol?
Nunca poderiamos apreciar, como bom e o sol.
As dificuldades na vida surgem, para aprendizado, e para podermos dar valor as coisas boas que temos e não valorizamos.

Beijufas de Luz!!

Otávio disse...

O que me deixa mais perplexo e que isto poderia ser uma estória real, você poderia estar falando de alguém. A realidade da vida às vezes me assusta. Como um fato muito ruim pode abalar a vida e o jeito de ser de uma pessoa.

Ana disse...

Dentro de nós há sempre duas facetas. O sofrimento, quando não é aceite, pode trazer ao de cima a mais negativa.

Gostei do teu novo espaço e vou voltar.
Um beijo, Odilon.

Adriana disse...

O que é isto Odilon?Tem certeza que é ficção??
Cada dia mais primoroso.